• Humberto Miranda é natural de Miguel Calmon e presidente da FAEB – Federação da Agricultura do Estado da Bahia

A Bahia é um estado maravilhoso. E não escrevo isso apenas por ser um baiano apaixonado por sua terra. Aqui, temos um clima incrível, uma cultura que encanta o mundo, uma culinária que é referência para o Brasil e uma gente cheia de garra e resiliência. Poderia citar outros tantos argumentos, mas como um baiano que nasceu no interior e vive do que essa terra produz, eu quero focar no Agro e na infinidade de oportunidades que o setor proporciona.

Temos três importantes biomas: caatinga, cerrado e mata atlântica; temos diversidade de clima, solos, índices pluviométricos, bacias hidrográficas, temperaturas, dentre outros fatores que são fundamentais para gerar sistemas produtivos exitosos, seja na agricultura ou na pecuária. Não à toa, a Bahia lidera o ranking de importantes produtos agrícolas e de rebanhos pecuários, como exemplo os de caprinos e ovinos. Somos importantes produtores de grãos, cadeia que gera milhares de empregos diretos e indiretos em várias regiões do estado, porque não está restrita ao plantio e à colheita dentro das fazendas, mas extrapola as porteiras adentrando aos estabelecimentos comerciais e aos modais de transportes e logística.

Produzimos algodão em grande quantidade e com um dos melhores fios do mundo; nossas frutas adoçam os mais diversos paladares nacionais e internacionais, desde o Vale do São Francisco até as frutas vermelhas da Chapada Diamantina, passando pelas variedades de uvas de mesa e das que resultam em bons vinhos para os mais exigentes degustadores.

E não para por aí: temos o café das commodities, mas também os grãos mais premiados no mundo, produzidos pelos pequenos produtores da Chapada; temos o cacau do Sul baiano, mas hoje também no Cerrado, com uma perspectiva alvissareira de altíssima produtividade; melão, banana, umbu, abacaxi e tantas outras variedades cultivadas em diferentes regiões do estado.

Não menos importante, temos uma vasta região semiárida, com luminosidade o ano inteiro, temperaturas estáveis, água no subsolo ou em bacias hidrográficas importantes que o cortam, ventos e sol. Estes dois últimos têm trazido uma nova perspectiva à região através de uma energia limpa e renovável, impulsionadora de crescimento econômico e sustentabilidade cobrada pelas sociedades de todo o mundo.

Deixei propositalmente para fechar minha crença neste estado com o que temos de melhor: nossa gente, na capital e no interior. Mas como já disse lá no começo, como um homem do campo, vou focar nas pessoas do nosso imenso interior. Temos a maior população rural do Brasil, com um povo trabalhador, cheio de valores e tradições. Mas é uma gente que precisa ter condições de continuar morando em seu torrão, realizando seus sonhos junto às suas famílias, sem precisar partir para os grandes centros. O que falta então?

Interiorizar políticas públicas de geração de emprego e renda, melhorar infraestrutura (água, energia, conectividade, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos); fortalecer a educação rural, qualificar a mão de obra, oferecer Assistência Técnica – principalmente para pequenos produtores – garantir segurança pública e saúde de qualidade.

São tantos desafios que não podemos buscar culpados, precisamos de um grande pacto de desenvolvimento sustentável das pequenas cidades baianas, alicerçados nos princípios mais básicos da sobrevivência humana: saúde, educação e justiça.