Reportagem: Lula Bonfim | A Tarde; Foto: Imagem Aérea do Complexo Industrial Luís Eduardo Magalhães
Uma nova unidade de mineração, gerida pela Galvani Fertilizantes, terá sua pedra fundamental lançada nesta sexta-feira, 24, em Irecê, com a presença do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Em entrevista ao Portal A TARDE nesta terça, 21, o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Henrique Carballal, detalhou o empreendimento, que deve gerar 900 empregos na região.
Segundo Carballal, a ideia é, além de prospectar fosfato, também processar o minério, seguindo a orientação do governador Jerônimo de fazer da Bahia um destaque industrial, e não apenas uma produtora de commodities.
“É uma grande missão que o governador nos deu, de desenvolver a Bahia em uma perspectiva não apenas de produção de commodities. Mas, além de produzir commodities, que a gente possa também, na realidade, processar aqui na Bahia. Então, nós vamos apresentar uma mina de fosfato. A Galvani vai prospectar fosfato no município de Irecê e irá, também no município de Irecê, já montar uma planta industrial para processar esse fosfato”, disse Carballal ao Portal A TARDE.
A promessa é que a Galvani irá operar, nessa planta industrial, com um processo inovador de separação do cálcio e do magnésio, gerando um baixo consumo de água. Além disso, o fosfato deverá ser utilizado em sua totalidade, evitando a produção de rejeitos.
“O fosfato será concentrado já no município de Irecê, através de uma alta tecnologia, um forno que possui uma tecnologia muito avançada. Tanto que os recursos de financiamento foram feitos através do Finep [Financiadora de Estudos e Projetos], exatamente por estar vinculado à inovação. Não vai ter resíduo, não vai ter barragem, não vai ter rejeito”, contou Carballal.
O que seria rejeito nesse processamento, o calcário, vai ser reutilizado para a remineralização do solo em Irecê, em uma parceria com a SDR (Secretaria de Desenvolvimento Rural) e a CAR (Companhia de Desenvolvimento e Ação Rural).
“O rejeito que nós iremos extrair desse processo — aí já é uma grande novidade — é o calcário, que é um produto, nesse caso específico, de fundamental importância para a remineralização do solo. Inclusive em parceria com a CBPM, nós vamos construir uma parceria com a CAR e a SDR, e nós vamos doar 10 mil toneladas de calcário anualmente, para remineralizar o solo, e para o desenvolvimento da agricultura familiar na região ali do Baixio de Irecê, em uma organização feita por Jeandro [Ribeiro], da CAR, onde será entregue para essa cooperativa”, relatou o presidente da CBPM.
Carballal ainda revelou ao Portal A TARDE que a CBPM deve criar um fundo de educação, para investir até R$ 2 milhões na área educacional do município de Irecê. Essa verba deverá ser gerida por representantes da sociedade ireceense, com a empresa pública tendo poder de veto.
“A governança dos valores será controlado pela sociedade. Então nós ainda vamos montar um regramento, inclusive para estabelecer o que é que é educação. Ou seja, o que é que pode e o que não pode ser gasto. Vamos deixar isso claro, vamos aprovar um regramento, mas não deixaremos de discutir com a sociedade. Por isso, ainda não está pronto, não está acabado. Eu espero sentar com o bispo de Irecê, com o promotor, com a Câmara de Vereadores, com a prefeitura, o prefeito Elmo [Vaz], que sempre foi um parceiro desse processo”, detalhou.
“A CBPM terá assento, naturalmente, e a CBPM terá poder de veto. Mas, fora isso, a decisão de onde vai ser gasto e como vai ser gasto será especificamente pelo do povo de Irecê, representado por esse comitê”, acrescentou.
Os recursos aplicados no fundo serão originados na CBPM, cumprindo a orientação do governador Jerônimo Rodrigues, com o objetivo de deixar um legado pós-mineração para o município de Irecê.
“Lembrando que a atividade minerária um dia acaba. Por mais que você tenha um depósito gigantesco, demore 50, 100, 200 anos, aquele depósito um dia vai acabar. E a própria lei já prevê, inclusive, a recuperação da área onde você teve a atividade minerária. Então, qual é o legado que a gente quer deixar? O legado que a gente quer deixar é um povo educado, um povo que saiba e tenha potencial de desenvolver uma economia, mesmo depois do fim de uma atividade tão importante como essa”, concluiu.