Reportagem: A Tarde. Foto: Roque de Sá/ Agência Senado

“Ninguém ganha na eleição criando adversários e inimigos, ganha trazendo aliados”. A afirmação é do senador Jaques Wagner (PT), em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia publicada nesta segunda-feira, 18.

Segundo o político, MDB e PT na Bahia constroem diálogos desde a eleição de 2018, e neste sentido, é a favor de ter o partido, que votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, na legenda eleitoral de 2022. Questionado sobre este aspecto, Wagner afirma que utilizar a votação do impeachment como critério para formar a base das próximas eleições, deixaria o PT isolado para novos apoios.

“[…] O impeachment ganhou, significa que ampla maioria votou [a favor]. Óbvio que tenho críticas ao MDB pela postura que teve, como teve crítica ao PSDB, ao DEM, porque todos trabalharam. A crise da democracia que nós estamos vivendo começou lá, e hoje ninguém bate no peito para fazer mea-culpa”, explanou na entrevista.

O posicionamento também foi compartilhado com o PT na Bahia. Durante encontro do diretório do partido, no último sábado, 15, Wagner disse que são as movimentações políticas e os indícios de aproximação com o MDB. Em sua opinião, é uma tendência nacional que se reflete também no estado. De outro lado, o político também reforçou que o processo contra Dilma foi “uma farsa”, “um impeachment sem causa, sem crime, sem nada” e durante a entrevista aproveitou para criticar ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM.

A crítica ao democrata foi feita enquanto Wagner explicava o motivo pelo qual PT e MDB seguiram conversando ao longo dos anos. “Foi uma conversa para respeitar vários prefeitos, que queriam nos acompanhar, mas tinham compromisso com deputado federal do MDB. E eu, no meu estilo, e também o governador, não vou perseguir ninguém e ter prazer em esmagar as pessoas. Eu não trabalho assim”, explicou.

O questionamento também integra-se à troca de farpas recente entre os dois. Na última semana, os dois governantes se estranharam nas redes sociais. De um lado, ACM Neto afirmou que a segurança pública está sem controle na Bahia desde o período que Wagner esteve à frente do estado. O senador respondeu ao democrata, batendo na falta de infraestrutura que os policiais tinham ainda em 2006, antes de seu mandato como governador.

“Trabalho na construção de hegemonia, e não na destruição de adversários. Essa linha da destruição é a do outro lado”, declarou Jaques Wagner na entrevista, referindo-se ao grupo de apoio de ACM Neto. “Qual o partido que cresce ao lado dele? Nenhum”, completou.

Assumindo ainda o interesse de apoio entre PT e MDB, Jaques Wagner aponta os possíveis benefícios da aliança. “No nosso grupo, todo mundo cresce. Por isso o grupo se mantém. Então, não tivemos nenhuma postura de esmagar quem já estava bastante debilitado, que era o MDB, em 2018. Isso, portanto, criou relação que nós tivemos. Agora, a gente conversa, mas não tem nada decidido. Eles estão na base do atual prefeito, ou seja, do grupo de lá”, concluiu.