Reportagem: Diego Amorim/ O Antagonista
O deputado Luis Miranda (DEM) prestou depoimento nesta terça-feira, na sede da Polícia Federal, por quase duras horas no âmbito do inquérito que investiga se Jair Bolsonaro prevaricou no caso Covaxin.
O Antagonista noticiou, em primeira mão, que o presidente da República foi alertado por Miranda e o irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, de possíveis irregularidades na aquisição da vacina indiana contra a Covaxin.
Aos delegados da PF, na condição de testemunha, o deputado voltou a dizer que levou detalhes do esquema, inclusive documentos, ao presidente da República.
“Reafirmei que o presidente sabia de tudo e repeti que o Bolsonaro disse que acionaria o DG [diretor-geral] da PF. Se o presidente fez ou não, caberá à investigação concluir”, disse Miranda a O Antagonista.
Miranda colocou seu celular à disposição da PF, mas os delegados ponderaram que somente se interessavam em prints de conversas relacionadas ao caso.
“O delegado entendeu que eu tenho tudo e tenho como provar que levei o caso ao presidente da República.”
Ainda segundo Miranda, a Polícia Federal deverá ouvir, no mesmo inquérito, o ajudante de ordens de Bolsonaro Diniz Coelho.
Também no depoimento de hoje, Miranda voltou a afirmar que Bolsonaro, ao ser alertado do caso Covaxin, citou o nome do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, como alguém que teria participação no esquema. Até hoje, Bolsonaro não desmentiu Miranda.
O delegado perguntou a Miranda se ele gravou a conversa que teve com Bolsonaro, em 20 de março, no Palácio da Alvorada.
“Eu respondi o que já disse na CPI: não posso confirmar se tem ou não gravação. Eu não gravei, nem gravaria o presidente. Mas não posso confirmar se outra pessoa gravou. Havia mais gente na sala. Também disse que recebi informações de pessoas que já escutaram a gravação. E que passei a suspeitar que alguém do próprio presidente possa ter gravado a conversa. O governo nunca rebateu essa possibilidade de gravação.”