Reportagem: Yahoo Notícias. Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu demissão do cargo. A decisão já foi informada à equipe do ministério e deve ser oficializada em breve, após almoço com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A informação foi revelada pela rádio CBN e pela TV Globo.
A saída do chanceler brasileiro era uma demanda dos presidente do Senado, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Os dois foram apoiados pelo presidente Bolsonaro durante as eleições na Câmara. Os congressistas entendem que Araújo foi o principal responsável pelo atraso na vacinação contra a covid-19 no Brasil.
Os problemas na imunização teriam sido fruto das más relações entre Brasil e China e também com os Estados Unidos. Em janeiro, insumos para a fabricação de vacinas demoraram a chegar no país graças às relações ruins com a China.
Ernesto Araújo é entendido com um dos ministros mais fortes da chamada “ala ideológica” de Bolsonaro. Além dele, Abraham Waintraub, também integrante do grupo e ex-ministro da Educação, também teve sair do cargo por pressão.
Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, também deixou o cargo após insistência de aliados do Centrão.
Agravamento da crise
A postura de Araújo já desagradava e a permanência era considerada insustentável. A situação ficou ainda pior durante o fim de semana, com uma briga com a senadora Katia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores na casa.
Em mais um ataque aos chineses, Araújo postou nas redes sociais que a senadora teria ligações com o lobby chinês pelo 5G. Esse, segundo o chanceler, seria um dos motivos pelos quais os senadores queriam a saída dele.
“Em 4/3, recebi a senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: ‘Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado’. Não fiz gesto algum”, publicou Ernesto Araújo.
Kátia abreu divulgou uma nota rebatendo as publicações do chanceler. “Se um Chanceler age dessa forma marginal com a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado da República de seu próprio país, com explícita compulsão belicosa, isso prova definitivamente que ele está à margem de qualquer possibilidade de liderar a diplomacia brasileira.”
Sem máscara em Israel
Desde o início do governo Bolsonaro, a política de relações exteriores era de ter Israel como aliado. O ministro das Relações Exteriores esteve na comitiva que visitou Israel para saber mais sobre um spray nasal, que ajudaria no tratamento da covid-19. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi repreendido e obrigado a usar máscara para posar ao lado do chanceler de Israel, Gabi Ashkenazi.
Em vídeo que viralizou nas redes sociais, um integrante da equipe do governo israelense pede uma foto do representante brasileiro junto ao primeiro-ministro do país anfitrião. Entretanto, ao se aproximar de Ashkenazi, ouviu um aviso: “Nós precisamos que coloque a máscara”.