A paixão por voar, o amor pela fotografia e um carinho especial pela Bahia, levaram o baiano Rui Rezende a fazer mais de 128 mil fotos aéreas dos quatro cantos do estado. Nos últimos treze anos, ele passou aproximadamente 500 horas voando em todo tipo de aeronave, em busca dos melhores ângulos. A bordo de parapente, paramotor, paratracker, balão, flyboat, girocóptero, helicóptero e avião, o fotógrafo atravessou o céu da Bahia, com o objetivo de retratar as belezas do estado visto de cima. Rui sobrevoou desde a capital até as cidades mais remotas. Passou por lugares pouco frequentados, nunca fotografados antes.
Com mais de 23 anos de carreira, o baiano fez registros tanto da flora, quanto da fauna, além das manifestações culturais, costumes e personagens da vida real. Fotografou ainda festas, paisagens como cachoeiras, montanhas e praias. Assim como diversos tipos de meios de transporte, a exemplo de cavalo, bicicleta, trator e navio. Um dos grandes desafios de Rui Rezende foi selecionar as 324 das mais de 128 mil fotos para o seu oitavo livro, intitulado
Bahia Aérea.
A obra também traz Parques Nacionais belíssimos, mas ainda pouco divulgados, como o do Alto do Cariri e do Grande Sertão Veredas. Além da agricultura, desde a familiar ao agronegócio. Bem como feiras livres, portos e aeroportos, estradas, pontes, indústrias e arquitetura típica de cada região. Tudo isso pelo olhar diferenciado do experiente fotógrafo, com o uso dos melhores equipamentos existentes no mundo. Cliques feitos de cima dos quatro cantos do estado. Detalhe: nenhum deles de drone.
O lançamento do livro ‘Bahia vista por um passarinho’ ocorre em Jacobina na próxima quarta-feira (08) na Delicatessen Delly Pães, a partir das 19h00.
Acidente
O lançamento do oitavo livro do fotógrafo acontece oito anos depois da queda do avião em que ele voava para fazer fotos para esse livro. O baiano fotografava um desenho gigantesco feito numa lavoura de algodão, por ele mesmo e mais 7 pessoas, com a ajuda de duas máquinas e cordas. A aeronave caiu no dia 24 de julho de 2014, no município de Barreiras, no oeste do estado.
Rui ficou 42 dias internado, sendo dez deles em coma. Ele precisou passar por seis cirurgias. Ele buscava o melhor ângulo para uma foto quando a aeronave veio ao chão. Rui Rezende foi levado para o Hospital do Oeste. O amargosense sofreu trauma na coluna, pé, braço e chegou a perder uma parte do intestino. Saiu do hospital sem conseguir mexer as pernas. Foram necessários mais de seis meses de fisioterapia para conseguir voltar a andar sem muletas. Com 33 parafusos espalhados pelo corpo e 60 cm a menos de intestino, ele conta que não há nenhuma limitação nos movimentos e que sente-se cada vez mais motivado a fotografar.
Apesar do susto do acidente, Rui não perdeu a paixão por voar. Um encanto que lhe acompanha desde a infância, quando pensava em ser piloto da Força Aérea Brasileira (FAB).
“Voar e fotografar são as melhores coisas que a gente pode fazer vestido. Se uma mariposa passar em minha frente e me disser que me aguenta, eu monto nas asas dela e saio voando”, brincou o fotógrafo, que já saltou algumas vezes de paraquedas. O baiano tem sido tão determinado nesse trabalho que, depois da queda do avião, a primeira foto que ele fez foi aérea e para esse livro.
Para fazer o registro, o amargosense sobrevoou de helicóptero uma das maiores festas populares de Salvador, a procissão marítima do Bom Jesus dos Navegantes. “Foi no dia 1° de janeiro de 2015. Fretei o helicóptero para voar e retratar esta procissão, já pensando no meu livro com fotos aéreas do estado da Bahia”, contou Rui, que seguiu trabalhando para a sua oitava obra.
Sobre Rui Rezende
Rui nasceu em Amargosa, região do Vale do Jiquiriça, onde vendeu limão na feira, teve criação de codornas e também plantou frutas e legumes na fazenda da mãe. Aos 17 anos, se mudou para trabalhar e estudar em Salvador, onde se encantou pela fotografia, ao se tornar funcionário de um laboratório fotográfico. Na época, a câmera era analógica e a revelação manual (ainda no quarto escuro). Autodidata, Rui aprendeu a fotografar na prática, observando as própriasimagens e criando técnicas. Naquele tempo só era possível ver o resultado das fotos quase 30 dias depois de tiradas.
Quando fotografava o interior, ele precisava voltar para Salvador para revelar dezenas de filmes. O amargosense comprou sua primeira câmera em 1999 e a partir de 2003 passou a dedicar-se quase que exclusivamente a fotografia de natureza.
Em 2011, lançou a primeira das suas sete obras. Rui é conhecido pelo olhar minucioso e rigoroso, assim como pelas técnicas usadas na hora da foto. Ele não faz nenhuma intervenção nas suas imagens pelo computador, além de correção de cores e luz.
O retratista é autor dos livros “Amargosa Nossa Terra Nossa Gente”, “Vaqueiros do Raso da Catarina”, “Oeste da Bahia – o Novo Mundo”, “Chapada Diamantina um Paraíso Desconhecido”, “Encantos de Tinharé”, “Cairu – Cidade do Sol”, “Unidades de Conservação da Bahia” e, além do livro “Bahia Vista por um Passarinho”, ele acabou de produzir, ainda sem data para lançamento, o livro “Cerrado e outras riqueza do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia”. Folhear um livro de Rui Rezende é viajar por lugares fantásticos, vendo as pessoas e a natureza de uma maneira especial.
O livro Bahia Vista por um Passarinho promete e muito e já é esperado por milhares dos seguidores de Rui que acompanham as expedições aéreas do fotógrafo, pelo Instagram @ruirezendefotos