UESB já está estudando a qualidade da produção cafeeira de Morro do Chapéu
O Selo de Indicação Geográfica (IG) confere a localização de origem e as condições especiais da fabricação de produtos, permitindo que os consumidores tenham a certeza de que estão adquirindo um produto diferenciado pela qualidade da sua procedência, além de valorizar a cultura local e fomentar atividades turísticas. O Selo IG é atestado pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), regulamentado pela Lei da Propriedade Intelectual nº 9.279, de 14/05/1996, e pode assumir dois modelos: Indicação de Procedência (IP) – artigo 177, e Denominação de Origem (DO) – artigo 178.
“Nós participamos dessa coleta de café aqui no município para identificar o nível de qualidade local que temos para o nosso produto”, explica o Engenheiro Agrônomo da Seagri (Secretaria Municipal de Agricultura e Reforma Agrária), Francisco Botelho.
Os exemplares dessa coleta foram enviados para a UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), em Vitória da Conquista, para análise em seus laboratórios para que seja aferida sua qualidade. São analisadas as condições de produção como solo, clima, água, luminosidade anual, e classificado entre os cafés produzidos na Chapada Diamantina como um produto diferenciado. “É um certificado de qualidade com identidade geográfica. O café de Morro do Chapéu é diferente do café de Bonito, por exemplo. O de Bonito é diferente de Piatã, embora a qualidade seja alta, os chamados cafés gourmet”, acrescenta Francisco Botelho.
Esses cafés especiais, por serem diferenciados por sua qualidade, podem atingir preços de mercado que podem variar de R$ 1 mil a R$ 25 mil apenas uma saca do produto, diz o Engenheiro Agrônomo. “A altitude de Morro do Chapéu favorece muito nossa produção cafeeira. Nós temos lavouras de café produzidas entre 900 a 1.100 metros de altitude. Os cafés especiais produzidos em todo o mundo são produzidos nessa faixa de altitude. É o caso do café de Piatã, produzido em altitudes acima de mil metros”, pontua. Segundo ele, o café produzido em Piatã é considerado um dos melhores do Brasil, produzido em até 1.200 metros de altitude.
Morro do Chapéu ainda produz pouco café, apesar de grandes áreas propícias para seu cultivo. “Regiões como Lagoa Nova, Duas Barras, Cafelândia, Fedegosos, Ponta D´Água, são grandes áreas com pequena produção de café”, ressalta o especialista. Isso se deve principalmente à agricultura familiar, um setor que a Seagri tem observado e incentivado atentamente na gestão atual, e que responde por cerca de 90% da produção cafeeira no município. Ainda assim, o café produzido nessas regiões é considerado “café de rio”, de qualidade inferior. “Esse Selo IG vem trazer justamente isso, uma ‘receita de bolo’, onde um órgão público como a Seagri pode aprender essa receita e orientar os pequenos produtores da agricultura familiar a aumentar o preço da saca de café deles e, consequentemente, melhorar sua renda”, conclui o técnico.
Nesse sentido, o objetivo da Seagri, através da diretoria da Casa do Agricultor (criada nesta gestão para apoiar os produtores), é ir a campo orientar esses produtores sobre como melhorar sua produção, aproveitando os recursos naturais do município, aumentar sua renda e levar ao resto do País o nome do Morro do Chapéu como um dos grandes produtores de café gourmet do Brasil e, talvez, do mundo.