Reportagem: A Tarde. Foto: Geovana Albuqureque/ Agência Saúde DF
Evidências científicas apontam que a proteção conferida pela vacina da Pfizer é maior quanto mais longo for o intervalo entre as doses. No Brasil, o imunizante é aplicado com um intervalo de 12 semanas coforme orientação do Ministério da Saúde. O debate voltou à tona após a decisão do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), de antecipar o intervalo para apenas 21 dias.
De acordo com especialistas, ao aplicar a vacina com intervalo mais longo, não só é maior em relação à taxa de anticorpos produzidos, mas também pela duração da resposta imune.
Na última segunda-feira, 18, um estudo publicado no formato pré-print apontou que o intervalo usado tradicionalmente pela farmacêutica —e estipulado no ensaio clínico— de 21 dias resultou em uma perda de até 99% dos anticorpos anti-Sars-CoV-2 em circulação no corpo oito meses após a segunda dose. Já um intervalo maior entre as doses pode reduzir essa queda, diminuindo a necessidade de uma dose de reforço.
Um outro artigo recente publicado no periódico BMJ (British Medical Journal) apontou que o nível de anticorpos neutralizantes no sangue —capazes de bloquear a entrada do vírus no organismo— é cerca de 2,3 vezes maior se as duas doses são dadas em um intervalo de pelo menos 6 a 14 semanas em comparação a um intervalo de 3 a 4 semanas.
“Essas pessoas quase com certeza terão que fazer uma terceira dose daqui a seis meses, e isso não se justifica nesse momento”, afirmou à Folha a infectologista e professora da Unicamp Raquel Stucchi.